Advogado Antonio Carlos Souza quer resgatar antigas amizades do bairro

Realizado, feliz e com saudade dos amigos que se foram. Assim vive o advogado Antonio Carlos Andrade Souza, residente em Brotas desde 1947. Durante este tempo acompanhou as mudanças do bairro e ocupou diversas funções de destaque profissional em Salvador.

Nascido em Santa Inês, mas registrado em Salvador, Dr. Antonio Carlos - como é conhecido pelos amigos - pertence à 2ª turma de Direito da Universidade Católica de Salvador (UCsal) - 1963 - e durante 10 anos atuou como advogado do extinto Banco Nacional, para a Bahia e Sergipe.

Em 1976, deixou o banco, e, assumiu o cargo de delegado de carreira no Governo do Estado da Bahia. Cuidou da área de atenção aos menores, promoveu diversos congressos e palestras sobre os direitos de crianças e adolescentes. "Tive a honra de atuar junto ao Desembargador aponsentado Alírio Caulliry", ressalta Antonio Carlos. O período foi marcado também pela boa cooperação entre a Polícia Civil e Juízado de Menores, na pessoa do Juiz Agnaldo Bahia Monteiro.

De Brotas, o advogado tem boas lembranças: os amigos, as brincadeiras e tranquilidade do bairro. Quando estudante, por exemplo, costumava participar da "Guerra de Mamonas", à bordo do bonde de "meio-dia e quinze", que subia a ladeira dos Bandeirantes, passava pelo largo do Matatu e seguia para o fim de linha de Brotas. Memoráveis também foram as peladas perto do paiol de pólvora do exército, na Vila Laura.

Antonio Carlos menciona também personagens pitorescos como "o tirano cabo Lanha". Este dizia: "Está preso, mas , se der dinheiro, tá solto!". Era o encarregado de percorrer as ruas do bairro e impedir arruaças e brincadeiras á noite. "Anos depois, já delegado de polícia, encontrei o Cabo Lanha, bem velhinho, na 6ª Delegacia", recorda.

Indagado sobre o que resgataria de Brotas, nos bons tempos, para os dias de hoje, Antonio Carlos, responde sem hesitar: os amigos que se foram! E menciona alguns: o ator Geraldo Del Rey, Antonio Silvãnio, Olinto, Alfredo (conhecido como "Belitoo").

Aos 74 anos, pai de quatro filhos advogados, uma dentista e ou tra formada em Letras; realizado profissionalmente - ex-conselheiro da OAB-Bahia, de 1995 à 1997, presidindo a Comissão de Assistência Judiciária - ; e advogando "como nunca", Antonio Carlos Andrade Souza arremata: "Sinto-me realizado com o Direito, mas decepcionado com a Justiça. Especialmente, a justiça baiana".